Athletico Paranaense: Odair Hellmann Explica Derrota "Injusta" no Clássico e Cobrança por Reação Imediata

A Ligga Arena foi palco de uma tarde de sábado marcada por sentimentos conflitantes. Em um clássico de intensa rivalidade, o Athletico Paranaense sucumbiu ao Coritiba por 1 a 0, em partida válida pela 14ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. A despeito do resultado adverso, o técnico Odair Hellmann, em suas declarações pós-jogo, expressou uma profunda convicção de que o revés foi, em suas palavras, "injusto", pontuando a frustração que se abateu sobre o elenco e a comissão técnica.

A atmosfera de desapontamento era palpável. A derrota para o arquirrival não apenas freou uma sequência promissora de duas vitórias consecutivas, mas também impediu a ascensão do Furacão ao cobiçado G4 da competição. A análise do comandante rubro-negro, no entanto, transcendeu o placar final, mergulhando nas nuances do desempenho em campo e na evolução da equipe sob sua gestão.

A Persistente Dor de uma Derrota Inesperada

A coletiva de imprensa de Odair Hellmann após o confronto revelou um treinador visivelmente abalado pela performance e pelo desfecho. Ele fez questão de ressaltar o sacrifício e o empenho de seus atletas, bem como o apoio incondicional da torcida, que, mesmo após o gol sofrido, manteve o incentivo. A percepção de um esforço não recompensado era o ponto central de seu lamento.

"É um momento duro, uma derrota no clássico, está todo mundo muito triste e chateado. A torcida deu um show, continuou incentivando mesmo tomando o gol. Saio desse jogo com muita tristeza e dor por tudo o que vi em campo."

Essa declaração, carregada de emoção, sublinha a profundidade do impacto de um resultado negativo em um jogo de tamanha relevância. A expectativa de um desfecho diferente, dada a proposta de jogo e o volume criado, transformou-se em uma amarga desilusão.

Foto: (Geraldo Bubniak/Gazeta Press)

Volume Ofensivo Sem Tradução em Gols: Um Dilema Rubro-Negro

Um dos pontos mais enfatizados por Odair foi o domínio tático e ofensivo exibido pelo Athletico, especialmente na etapa inicial. Ele destacou a capacidade da equipe em criar oportunidades, um cenário incomum em clássicos, que tendem a ser mais disputados e com poucas chances claras.

"Um primeiro tempo dominado, controlado nas ações táticas, bastante volume, nove finalizações em 30 minutos. É raro num clássico, que geralmente o jogo é mais truncado, mas você não pode ter esse volume e não fazer o gol. Porque em algum momento, independente se é clássico ou não, a outra equipe vai voltar para a partida."

A ineficácia na conversão dessas chances em gols foi, para o técnico, o fator determinante para o resultado. O Athletico, apesar de finalizar o dobro de vezes que o Coritiba, registrou o mesmo número de arremates no alvo, evidenciando uma pontaria que precisa ser ajustada. A superioridade numérica em tentativas não se traduziu na vantagem necessária para selar a vitória, permitindo ao adversário encontrar seu único momento de brilho.

O Gol Decisivo: Mérito Adversário ou Falha Pontual?

O gol que definiu o clássico, sofrido em uma jogada de bola parada, levantou questionamentos sobre a consistência defensiva do Furacão, um ponto que tem sido objeto de debate ao longo da temporada. No entanto, Odair Hellmann rechaçou a ideia de uma falha coletiva ou individual no lance que resultou na vantagem do Coritiba.

"Não teve falha. Foi uma bola cruzada, os jogadores duelaram, o Maicon até ganha no movimento e a bola sobra para o jogador (Sebastián Gómez), que faz um giro de costas e acerta o chute, mérito dele. Sobraram três ou quatro dessas para nós na área do Coritiba e não fizemos. Não foi falha da defesa, da equipe de marcação. Foi um duelo, a bola espirrou para trás e o cara teve mérito no chute."

A perspectiva do treinador é de que a jogada foi um mérito do adversário, que soube aproveitar uma sobra de bola em um lance de embate aéreo. Essa visão minimiza a ideia de uma falha específica da zaga, direcionando a análise para a eficiência do oponente em um momento crucial do jogo, em contraste com a falta de concretização das próprias oportunidades do Athletico.

A Trajetória de Evolução e a Urgência da Reação

Apesar do revés, Odair Hellmann fez questão de ressaltar a evolução do Athletico desde sua chegada ao comando técnico, há pouco mais de um mês. Para ele, o desempenho apresentado, mesmo na derrota, é um reflexo do trabalho e dos progressos táticos alcançados pela equipe.

"Mesmo hoje diante de uma derrota dessa que é dura, a equipe teve evolução nesse tempo que eu estou aqui, em termos de pontuação e de movimentos táticos. Ninguém faz o jogo que fez hoje aleatoriamente. Faz porque teve evoluções em alguns aspectos. Hoje era a terceira vitória e momento de confirmar tudo aquilo. Mas não estava tudo certo quando a gente ganhou do Avaí e nem hoje está tudo errado. A caminhada é longa, vamos ter que rapidamente buscar esses três pontos fora de casa."

A mensagem é clara: a derrota, por mais dolorosa que seja, não pode ofuscar o caminho de crescimento que o time vem trilhando. A exigência de Odair é que a dor da derrota seja sentida e administrada, mas jamais aceita como algo normal, especialmente em um clássico dentro de casa. A equipe tem um prazo de 24 horas para lamentar, e então a foco deve ser total na recuperação e na busca pelos pontos perdidos.

Com o resultado, o Athletico Paranaense caiu para a oitava posição na tabela da Série B, acumulando 20 pontos, e a colocação pode sofrer novas alterações até o término da rodada. O próximo compromisso do Furacão é fundamental para a reabilitação na competição. O time viaja para enfrentar o Amazonas no próximo sábado, às 20h30 (horário de Brasília), no Estádio Carlos Zamith, pela 15ª jornada do Campeonato Brasileiro da Série B. A urgência por uma resposta positiva é o que move o Rubro-Negro neste momento decisivo.