Athletico-PR Adota Uniforme Preto em Protesto Antirracista Após Ofensas a Léo

Reação do Athletico-PR Contra o Racismo

Em uma demonstração de solidariedade e repúdio ao racismo, o Athletico Paranaense apresentou, nesta segunda-feira, um uniforme predominantemente preto, adornado com a frase "Não ao racismo". Esta vestimenta especial será utilizada na partida desta terça-feira contra o Cianorte, válida pelo Campeonato Paranaense, na Ligga Arena. A iniciativa surge como um gesto de apoio ao zagueiro Léo, que foi alvo de ofensas racistas durante o clássico contra o Coritiba no último sábado, no Couto Pereira.

O clube expressou seu posicionamento de forma clara e direta: "Nesta terça-feira, jogaremos de preto. Pelo Léo . Por todos que sofrem e já sofreram. Por uma sociedade antirracista. Ame o Athletico e odeie o racismo". A frase, que também serve como slogan da campanha, demonstra o comprometimento da equipe com a luta contra o preconceito racial no esporte e na sociedade.

O zagueiro Léo , vítima das injúrias raciais, participou ativamente do vídeo promocional da campanha, demonstrando sua força e determinação em enfrentar a situação. A ação do Athletico vai além de um simples ato simbólico, buscando conscientizar e mobilizar a torcida e a comunidade esportiva contra o racismo.

Investigação e Medidas Legais Contra o Agressor

Léo não apenas se manifestou publicamente, mas também buscou apoio legal. Ele compareceu à Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe) para registrar um boletim de ocorrência sobre o caso. O jogador enfatizou a importância da igualdade e do respeito, declarando que tomará as medidas cabíveis para que o autor das ofensas seja responsabilizado por seus atos. "Momento difícil. Eu luto por essa causa e passar por isso não é legal. Neste momento eu fiquei muito próximo da minha família. Agora é fazer o que tem que ser feito para que essa pessoa não cometa mais isso com ninguém. A gente não pode ocupar um lugar de vítima em momento nenhum. Que a pessoa pague pelos seus atos. O que peço é respeito e igualdade", afirmou o jogador.

A Polícia Civil do Paraná, por meio da Demafe, já iniciou as investigações e intimou um suspeito de ter cometido o ato de injúria racial contra Léo . O Coritiba realizou uma apuração interna com as imagens do estádio, chegando também ao mesmo nome. A polícia, apesar de não ter imagens 100% conclusivas, decidiu pela intimação para depoimento. A identidade do suspeito não foi revelada até o momento, mas sua convocação para depor demonstra o avanço das investigações.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um indivíduo, localizado na torcida do Coritiba, proferindo ofensas racistas contra Léo . A fala demonstra claramente o teor discriminatório: "? Macaco não se cria no Couto Pereira. Vai em bora, Léo Pelé, seu preto, macaco do c***. Olha para cá, seu macaco ?". O conteúdo do vídeo é uma prova do crime cometido e tem sido crucial para as investigações.

Posicionamento dos Clubes e Autoridades

O delegado da Demafe, Luiz Carlos de Oliveira, informou que assim que o autor das ofensas for identificado, será solicitado um pedido de prisão preventiva contra o mesmo. "Nosso trabalho é difícil, de identificação, não é fácil. Muito provavelmente até o meio da semana já estaremos com a identificação desse torcedor, o responsabilizando e pedindo sua prisão preventiva, tendo em vista que não é mais permissível que tenhamos, no século XXI, atos de racismo e de injúria racial. As pessoas têm que se conscientizar que o suor e o sangue são da mesma, seja qual for a etnia", enfatizou o delegado, ressaltando a importância de punir atos dessa natureza.

O Athletico, em nota oficial, declarou que está tomando todas as medidas necessárias para que os responsáveis sejam identificados e punidos conforme a lei, além de prestar total apoio ao atleta Léo . O Coritiba também se manifestou, repudiando o episódio e afirmando que trabalhará para identificar o torcedor envolvido. "O racismo jamais deve fazer parte do futebol. O que aconteceu com o atleta Léo é e sempre será inaceitável. Lamentável que tenha ocorrido em nosso estádio. Tomaremos todas as medidas que estiverem ao nosso alcance para identificar o agressor e continuaremos trabalhando para que isso jamais se repita", afirmou o clube.

A Federação Paranaense de Futebol também se posicionou, repudiando o ato racista e criminoso contra Léo , e manifestou o desejo de que os responsáveis sejam punidos pelas autoridades. O prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, também se manifestou nas redes sociais, destacando que irá aguardar a identificação do agressor pela polícia e cobrará a devida punição. A união de esforços entre clubes, autoridades e sociedade demonstra um avanço na luta contra o racismo no esporte, sinalizando que atos como esse não serão tolerados.

O caso de Léo e a rápida resposta do Athletico, juntamente com a ação das autoridades e o repúdio da comunidade esportiva, servem como um marco na luta contra o racismo no futebol. O uso do uniforme preto pelo Athletico é mais do que um gesto simbólico; é um grito contra a intolerância e a favor de uma sociedade mais justa e igualitária.