Demissão de Rodrigo Possebon no Athletico Paranaense: Análise do Mercado da Bola e Gestão de Futebol

A recente decisão do Athletico Paranaense de desligar o executivo de futebol Rodrigo Possebon, ocorrida um dia após o encerramento do período extraordinário de transferências do futebol nacional, não representou um mero acaso. Nos bastidores do clube, o prazo para aquisição de novos talentos era, na realidade, o derradeiro teste para a permanência do profissional em sua posição, configurando um verdadeiro ultimato.

Enquanto a notícia ecoava, torcedores do Athletico manifestavam seu descontentamento em frente à Arena, evidenciando um clima de insatisfação que permeava o ambiente rubro-negro. Esse cenário de pressão e expectativa culminou no desfecho já antecipado por muitos observadores do cenário futebolístico.

A Trajetória Conturbada e o Início da Precariedade

A função de Rodrigo Possebon no Furacão já estava sob escrutínio desde o afastamento do então treinador Maurício Barbieri, no início do mês de maio. Além da redefinição do comando técnico da equipe principal, a cúpula diretiva do Athletico demonstrava uma clara intenção de promover uma ampla reestruturação no departamento de futebol.

Um indício palpável dessa onda de mudanças foi o subsequente desligamento do gerente de mercado, Witor Bastos, aproximadamente duas semanas após a saída de Barbieri. Apesar de sua posição se mostrar consideravelmente fragilizada e sob intensa ameaça, Possebon conseguiu uma sobrevida temporária em meio às transformações em curso.

O executivo de futebol teve participação ativa na composição do elenco destinado à disputa da Série B do Campeonato Brasileiro e viu seu trabalho ser progressivamente questionado em face dos resultados insatisfatórios obtidos na competição, que não correspondiam às expectativas da torcida e da própria diretoria.

Foto: ( Divulgação/Athletico)

A Polêmica Declaração e o Elenco em Dúvida

Em uma coletiva de imprensa que oficializou o fim da passagem de Maurício Barbieri, Possebon proferiu elogios efusivos e classificou o plantel athleticano como o mais qualificado da Série B. Uma declaração que, à época, não foi bem recebida nem internamente nem pela massa de torcedores, gerando considerável controvérsia.

Acredito que temos o melhor elenco da Série B. Um elenco de altíssimo nível, excelentes jogadores. Estamos plenamente satisfeitos com o nível e a entrega deles. Eles são o grupo que vai nos levar ao título da competição e à concretização do acesso para a Série A.

Essa afirmação, em retrospecto, soava como um otimismo descolado da realidade percebida, especialmente diante das carências que se tornavam cada vez mais evidentes no desempenho da equipe em campo. A disparidade entre a retórica e a performance alimentava a desconfiança.

A Última Cartada: O Fracasso na Janela de Transferências

A derradeira oportunidade para o executivo se consolidar no cargo residia na janela de transferências extraordinária, que esteve aberta de 2 a 10 de junho. Com as lacunas no elenco se mostrando inegáveis, Possebon tinha a missão imperativa de identificar e trazer reforços, oferecendo novas opções ao técnico Odair Hellmann, que havia assumido o comando da equipe nesse ínterim.

Contudo, a tarefa não foi cumprida. Embora sondagens e consultas a diversos atletas tenham sido realizadas, nenhuma negociação foi efetivamente concretizada. O resultado, portanto, era um desfecho amplamente aguardado e que se confirmou na manhã da última quarta-feira.

O Legado e os Próximos Passos do Furacão

Rodrigo Possebon havia sido integrado ao quadro do Furacão em julho do ano anterior, inicialmente para a função de diretor das categorias de base, sendo posteriormente promovido a diretor de futebol em dezembro. Sua experiência prévia em gestão se restringia a passagens por clubes de menor porte, como o Barra-SC e a Ferroviária, o que levantava questionamentos sobre sua adequação para um clube da dimensão do Athletico.

Agora, a diretoria se encontra na busca por um novo executivo de futebol, uma peça-chave que deverá ser contratada antes do próximo e último período de contratações do ano, programado para iniciar em 10 de julho e se estender até 2 de setembro. A urgência na escolha de um nome competente é vital para que o clube possa, de fato, endereçar as carências identificadas e seguir em busca de seus objetivos na temporada.