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Gramado Sintético no Futebol Brasileiro: Athletico-PR e Palmeiras Rebatem Críticas

Por Redação FutCAP em 11/12/2025 10:05

O debate que envolve as superfícies de jogo artificiais, que ganhou renovada intensidade nos últimos dias, provocou uma reação oficial nesta quinta-feira, dia 11. Em uma manifestação conjunta, o Palmeiras, ao lado de outros clubes que adotam essa tecnologia em seus estádios, emitiu um comunicado para sustentar a validade do uso de pisos sintéticos nas competições nacionais.

A nota coletiva, divulgada nas redes sociais, sublinha uma postura unificada:

"Diante das recentes declarações públicas sobre a utilização de gramados sintéticos no futebol brasileiro, Athletico Paranaense, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras reafirmam sua posição em defesa dessa tecnologia, adotada de formar responsável e regulamentada"

Atualmente, além do Palmeiras, com seu Allianz Parque, o Botafogo, que utiliza o Nilton Santos, e o Atlético-MG, com a Arena MRV, o Athletico Paranaense, proprietário da Ligga Arena, e a Chapecoense, na Arena Condá, também possuem campos com essa característica. Há, inclusive, a possibilidade de o Vasco da Gama, em breve, firmar um acordo para mandar seus jogos no estádio do Botafogo, enquanto São Januário passa por reformas, ampliando a presença do sintético na elite do futebol nacional.

A Firme Posição dos Defensores da Tecnologia

A argumentação dos clubes defensores da grama sintética se aprofunda ao reiterar a inexistência de uma padronização nos gramados brasileiros. Ignorar essa realidade, segundo eles, e direcionar o foco das críticas exclusivamente para os pisos artificiais, simplifica em demasia uma discussão complexa, tornando-a "injusta e tecnicamente equivocada".

Eles ainda enfatizam que um gramado sintético de alto desempenho frequentemente supera, sob diversos aspectos, as condições precárias de muitos campos naturais encontrados em uma parcela considerável dos estádios do país. Além disso, a nota esclarece que não existem estudos científicos conclusivos que comprovem um aumento nas lesões de atletas decorrente da utilização dos gramados sintéticos modernos.

O debate sobre a excelência dos gramados é considerado legítimo e necessário, mas os clubes solicitam que ele seja conduzido com responsabilidade, baseando-se em dados objetivos e conhecimento técnico aprofundado, e não em "narrativas que distorcem a realidade", desinformam o público e desconsideram a complexidade inerente ao assunto.

O Contraponto: Vozes Que Questionam a Superfície Artificial

Em contrapartida, as vozes críticas ganharam destaque, como a do técnico Filipe Luís. Durante coletiva em Doha, no Catar, onde acompanhava o Flamengo para a Copa Intercontinental, o treinador manifestou sua desaprovação aos gramados sintéticos. Ele questionou a disparidade em relação aos grandes campeonatos europeus:

"Que campeonato da Europa tem seis clubes que vão jogar no campo sintético? Isso desvaloriza o produto, faz com que menos espectadores ao redor do mundo queiram assistir (aos jogos). Para a saúde dos atletas, o ideal é que eles joguem em gramados naturais de boa qualidade"

Para reforçar seu ponto de vista, Filipe Luís fez comparações com a qualidade dos campos em grandes eventos. Ele mencionou a final da Libertadores em Lima e os estádios do Catar, exemplificando o padrão desejável:

"Na final da Libertadores, em Lima, uma cidade que quase não chove, talvez tenha sido o melhor gramado onde jogamos no ano. Aqui, não entrei no estádio ainda, mas tenho certeza que encontraremos um campo nas melhores condições"

Essa corrente de insatisfação não se restringe a técnicos. Grandes nomes do futebol nacional, como Neymar, Thiago Silva e Lucas Moura, lideraram um movimento de atletas que se opõem ao uso do gramado sintético. Articuladores de uma campanha disseminada nas redes sociais, eles defendem o fim das partidas disputadas em pisos artificiais.

Entre os clubes, o Flamengo se destaca como o mais enfático na "cruzada" contra o sintético, defendendo abertamente o banimento de seu uso em competições oficiais. Luiz Eduardo Baptista, conhecido como BAP e presidente do clube rubro-negro, argumenta que a grama artificial "prejudica a saúde física de jogadores e atletas" e gera um desequilíbrio financeiro entre as equipes.

O clube carioca chegou a propor à CBF que a proibição do campo artificial fosse incluída no projeto de fair play financeiro, mas a ideia foi rejeitada pela confederação. Apesar disso, BAP tem mantido a pressão junto aos dirigentes da entidade, que consideram a formação de um grupo de trabalho para analisar a questão, embora não seja uma pauta prioritária no momento.

A CBF e o Horizonte da Regulamentação

A dimensão da controvérsia é tamanha que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sinalizou que dedicará atenção especial ao tema. A entidade planeja constituir uma equipe para debater a qualidade dos gramados nos estádios, englobando tanto os naturais quanto os sintéticos.

Entre as propostas em análise pela CBF, está a tentativa de estabelecer um novo padrão geral de qualidade. A partir dessa definição, a confederação planeja instituir um período de adaptação, com incentivos, para que os clubes possam se adequar às novas diretrizes.

O cenário atual revela uma polarização acentuada: de um lado, clubes que investiram na tecnologia e a defendem com base na modernidade e na superação de problemas estruturais; do outro, atletas e gigantes do futebol que clamam por campos naturais e a preservação da integridade física dos jogadores. A discussão, complexa e multifacetada, aguarda desdobramentos que podem redefinir o panorama dos campos de jogo no Brasil.

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