O Athletico-PR de Kayzer: A Inspiração Inesperada para o Vitória Sair do Z4

A trajetória do Esporte Clube Vitória no Campeonato Brasileiro de 2025 tem se desenhado com contornos de extrema dificuldade. Após uma sequência de três reveses consecutivos, o clube baiano estacionou na 18ª colocação, distanciando-se cinco pontos do Santos, a primeira equipe fora da zona de descenso, que ainda possui um jogo a mais. Essa conjuntura reduziu as chances de permanência do Rubro-Negro na elite para um patamar de 12,42%, superando apenas o Sport, lanterna da competição com 4,06% de probabilidade. Contudo, em meio a esse cenário adverso, uma voz experiente tenta infundir esperança no elenco.

Renato Kayzer, atacante do Vitória e figura conhecida da torcida atleticana, evoca uma memória recente de superação vivida no Athletico Paranaense em 2020. Naquela temporada, o Furacão encerrou o primeiro turno com apenas 19 pontos, um quadro igualmente desanimador, mas orquestrou uma notável recuperação que o levou ao nono lugar na classificação final do Brasileirão.

O Espelho do Furacão: A Virada do Athletico-PR com Kayzer

O próprio Kayzer detalha a experiência transformadora:

- Eu já passei por um momento assim, em 2020, no Athletico-PR. A gente virou o turno com 13 pontos e acabou o campeonato em nono. Tem que pensar jogo a jogo, foi o que fizemos lá em 2020 na época que eu estava lá. O Halter estava junto. Fomos pensando jogo a jogo, ganhando jogo a jogo. Sem pensar no próximo, no que estava a vir. Fomos fazendo o resultado e revertemos aquela situação difícil. Acredito que nosso time tem qualidade para fazer isso aqui também e ter um pouquinho de confiança em nós mesmos para poder sair dessa situação - analisa o artilheiro.

A mensagem de Kayzer é clara: o foco deve ser no presente, na próxima partida, sem se deixar abater pela complexidade da tabela.

"Nesse momento, o que menos precisamos é olhar a tabela. Temos que visar jogo a jogo. Cada jogo é final, temos que ter concentração total. Sei que é uma luta difícil, mas não impossível"

, reitera o jogador.

Entretanto, uma análise mais fria revela diferenças cruciais entre os dois cenários. O Vitória de 2025 concluiu o primeiro turno com um ponto a menos que o Athletico de 2020 (18 contra 19). Além disso, na 25ª rodada da campanha de cinco anos atrás, o Furacão ostentava uma vantagem de seis pontos sobre a posição atual do Leão (28 contra 22). Essas disparidades numéricas indicam que a missão do Vitória pode ser ainda mais árdua.

Time/Ano	Pontos no 1º Turno	Pontos na 25ª Rodada	Posição Final (Athletico)
Athletico-PR (2020)	19	28	9º Lugar
Vitória (2025)	18	22	A Definir

A Busca por Gols e a Pressão do Artilheiro

Para que o Vitória consiga replicar o feito do Athletico, a contribuição de Renato Kayzer será fundamental, especialmente em termos de gols. Contudo, o artilheiro da equipe no Brasileirão, com sete tentos, enfrenta um período de cinco partidas sem balançar as redes, um jejum que naturalmente gera inquietação para um centroavante.

O atacante reflete sobre a pressão inerente à sua função:

- Essa situação de não marcar é complicada para nós atacantes, que vivemos disso. Não encaro como peso. Após o jogo do Juventude tivemos uma vitória em casa com o gol do Erick. O importante é a vitória do vitória, não necessariamente eu fazendo gol. Mas é importante para o atacante estar marcando para continuar com a confiança. Mas eu venho trabalhando e me esforçando durante as semanas para voltar a marcar - garante.

Apesar da seca de gols, Kayzer demonstra uma notável autocrítica e resiliência.

- Eu sou uma pessoa, além de um atleta, que me cobro muito dentro e fora de campo. Esses jogos que passaram, têm sido doloroso, ainda sem marcar. A gente fica triste, magoado, mas tem que continuar trabalhando, se esforçando, que as coisas vão mudar. Tento não colocar pressão no meu lado pessoal para deixar a minha cabeça mais leve. Tenho que trabalhar bastante durante a semana.

Essa postura revela a mentalidade de um atleta acostumado a lidar com as adversidades do futebol de alto nível.

O Fator Barradão e a Estratégia de Jair Ventura

Um dado promissor para o Vitória é que seis dos sete gols de Kayzer na competição foram marcados no Barradão, o palco da próxima partida contra o Ceará. A familiaridade com o gramado e o apoio da torcida representam um alento para o atacante e para o time como um todo.

Kayzer expressa seu conforto em jogar em casa:

- É um lugar que me sinto bem desde que cheguei. Lutar que me sinto seguro, abraçado. É sempre bom jogar dentro de casa. A gente está vendo o torcedor apoiando. Quando jogo em casa, fico bem feliz. Se Deus quiser, amanhã, que a gente possa sair com a vitória.

A conexão com o ambiente caseiro pode ser um diferencial crucial nesta fase decisiva.

Sobre a abordagem tática, Kayzer comenta as adaptações necessárias e as prioridades do técnico Jair Ventura:

- Com o Carille, eu tinha mais liberdade para movimentar e buscar mais a bola. Outros treinadores pedem para eu ficar mais posicionado. É uma característica minha de sair um pouco da área para jogar com mobilidade, fazer uma tabela. Temos que nos adaptar, são mudanças que vem ocorrendo durante o ano. Tentar fazer o melhor para ajudar o Vitória. Eu sempre vou estar fazendo. É fazer o meu melhor para ajudar.

O trabalho de Jair Ventura, por sua vez, foca na simplicidade e na redução de erros, aspectos vitais em um campeonato tão competitivo.

- Infelizmente, o revés fora de casa...Um pouquinho chateado com as circunstâncias do jogo. A gente estava melhor na partida até tomar o gol. Aconteceu da gente perder a partida. A gente vem tentando fazer o mais simples, não dificultar a partida para nós. O professor Jair vem trabalhando bastante nisso. Eu acho que está no caminho certo, as vitórias vão vir. Tem que entender que faltam 13 jogos, e a gente precisa reagir no campeonato. A gente sabe como é difícil o Campeonato Brasileiro, alguns erros não são admitidos dentro do campeonato. O que a gente vem cometendo. Trabalhar na semana, aprimorar isso, para que a gente tome menos erros assim.

A Mentalidade para a Retomada no Campeonato

O elenco do Vitória compreende a gravidade da situação e a necessidade de encarar cada confronto como uma verdadeira decisão.

- A gente vem começando bem os jogos. Infelizmente, com descuido nosso, acaba acontecendo o gol do adversário. Talvez um problema de gesto técnico, comunicação na área. Mas a gente vem trabalhando isso. Infelizmente, o nosso tempo não é grande para ficar ajustando. Mas temos que trabalhar e continuar confiando no processo para que dê certo.

A busca por correção de detalhes em tempo exíguo é um desafio constante.

A retomada no campeonato é tratada com a seriedade que o momento exige.

- Com certeza, o jogo de amanhã é mais uma final para nós. Nós sabemos da importância, ainda mais jogando dentro de casa. Temos que fazer o nosso melhor. Com confiança ao lado do nosso torcedor, que sempre está nos ajudando e nos apoiando. Fazer o nosso melhor, a gente sabe da dificuldade do campeonato e dos times que estão jogando. Todos têm qualidade. Mas nós estamos dentro de casa e precisamos dar o nosso melhor para sair dessa situação.

A união com a torcida e a crença na qualidade do grupo são os pilares para tentar reverter o panorama atual. A experiência de Kayzer com o Athletico-PR serve como um lembrete de que, no futebol, a luta é árdua, mas a reviravolta, embora difícil, jamais é impossível.