Odair Hellmann: Análise Pós-São Paulo e Futuro do Athletico na Copa do Brasil

O Athletico Paranaense, após o revés por 2 a 1 diante do São Paulo no Morumbis, pela partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, ainda nutre esperanças de avançar na competição. Essa é a perspectiva do técnico Odair Hellmann, que, apesar do placar adverso, elogiou o desempenho de sua equipe. A visão do comandante indica que a disputa pela vaga nas quartas de final permanece completamente em aberto, um prognóstico que busca infundir confiança no elenco e na torcida.

Em coletiva de imprensa realizada após o confronto, o treinador externou seu pesar pelos gols concedidos, mas reiterou a natureza inconclusiva do duelo. A partida, segundo ele, apresentou "dois tempos distintos", com o São Paulo exercendo maior posse e controle na etapa inicial. Hellmann justificou a dificuldade em reter a posse de bola pela complexa movimentação de cinco atletas adversários no setor central do campo, o que impôs um grande desafio à proteção defensiva do Furacão. Contudo, a efetividade ofensiva do rival, materializada em um gol logo no primeiro arremate, foi um ponto de crítica velada.

Hoje a gente fez um bom jogo contra o São Paulo. Dois tempos distintos, no primeiro tempo o São Paulo com um pouco mais de posse e de controle. E não é porque nós não gostaríamos de ter ficado mais com a posse. O São Paulo tem uma movimentação de cinco jogadores pelo centro do campo que te dificulta muito. A gente conseguiu proteger e depois tem a segunda parte, da transição. Tivemos uma chance clara de gol e no primeiro chute, o São Paulo chegou ao gol. É isso que a gente tem que mudar aqui no Athletico. Faz três partidas que a gente perde com um chute no gol. Temos que estancar isso, porque a gente tem tomado muitos gols.

A Postura da Equipe e a Questão dos Gols Sofridos

Apesar da derrota, Odair Hellmann expressou satisfação com a postura e a exibição de seus comandados ao longo dos noventa minutos. Sua análise pós-jogo reafirmou a crença de que o jogo de volta, agendado para a próxima quarta-feira, será o verdadeiro divisor de águas na série. A resiliência demonstrada, na ótica do treinador, é um ativo valioso para a sequência da temporada. No entanto, a recorrência de gols sofridos a partir de poucas finalizações adversárias, um padrão observado em três partidas consecutivas, emerge como um ponto nevrálgico a ser corrigido com urgência.

Um aspecto que marcou o final da partida foi a expulsão do próprio Odair Hellmann, ocorrida após um desentendimento com o árbitro Ramon Abatti Abel. O incidente, que o impedirá de estar à beira do campo no decisivo confronto de volta na Arena da Baixada, gerou um pedido de desculpas público por parte do técnico. Ele ressaltou que sua intervenção não envolveu linguagem ofensiva, mas sim uma cobrança sobre uma jogada em que, em sua percepção, um atleta do São Paulo teria se jogado e tocado a bola com a mão, em lance não visualizado pelo árbitro.

Eu prometi que não vou ser mais expulso. Eu gostaria de falar muita coisa, mas não vou falar, só vou pedir desculpa por ter sido expulso e vou concentrar no trabalho. Só para explicar, na minha opinião, o jogador do São Paulo protegeu a bola, viu que ia perder, se jogou e botou a mão na bola. Ele (árbitro) estava encoberto, não viu, e eu cobrei. Eu não proferi nenhum palavrão. Um árbitro experiente, que poderia controlar muito bem a situação.

Prioridades e Gestão do Elenco: A Visão de Odair

Em um contexto anterior ao embate com o São Paulo, Odair Hellmann havia sido transparente ao admitir que a Copa do Brasil não figurava como a principal meta do Athletico na temporada, com a prioridade inegável sendo o acesso à Série B. Essa estratégia se refletiu na escalação para o jogo no Morumbis, que contou com uma formação majoritariamente reserva, com apenas quatro titulares habituais em campo.

O comandante rubro-negro fez questão de detalhar a lógica por trás da decisão de poupar seus atletas mais utilizados, rechaçando qualquer insinuação de que o torneio eliminatório estaria sendo desvalorizado. A gestão de carga física, considerando a intensa sequência de jogos que inclui compromissos no domingo, quarta e segunda-feira, foi um fator determinante. A intenção, segundo ele, é assegurar a recuperação plena dos jogadores. Além disso, a estratégia visa proporcionar oportunidades e demonstrar confiança na profundidade do elenco .

A gente tem que levar esse espírito de hoje. Tentar corrigir alguns movimentos para evitar tomar tantos gols, isso vai ajudar muito no processo de vitória. A gente controlou carga, porque tem jogo domingo, quarta, segunda. Jogar 100 minutos, é diferente a recuperação para jogar domingo do que jogar 45. É uma situação de acreditar no grupo e oportunizar jogadores.

O Athletico nunca vai entrar, eu nunca vou entrar em um jogo não querendo vencer. A gente sai triste pela derrota, mas um jogo de mata-mata tem os outros 90 minutos, e a gente está dentro ainda da possibilidade de classificação. Um time como o Athletico, campeão desta competição, nunca vai entrar, nem se botar a equipe juvenil, para não vencer ou para não acreditar na classificação.

O Desafio da Volta e a Sequência da Temporada

A fase de oitavas de final da Copa do Brasil terá seu desfecho na próxima quarta-feira, às 19h30, no palco da Arena da Baixada. Para assegurar a classificação direta às quartas, o Athletico precisará de uma vitória por, no mínimo, dois gols de diferença. Um triunfo por um gol de margem levará a decisão para as penalidades máximas. A tarefa exige não apenas eficácia ofensiva, mas também a correção dos problemas defensivos apontados pelo próprio técnico.

Antes de focar exclusivamente no confronto decisivo da Copa do Brasil, o Furacão tem um compromisso pela 20ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. No próximo domingo, às 18h30, a equipe recebe o Paysandu em casa, um jogo crucial para a manutenção de sua campanha rumo ao objetivo primordial da temporada: o acesso à elite do futebol nacional.