Nas primeiras décadas de existência, o Athletico Paranaense e o Estádio Joaquim Américo (a Baixada) apresentavam uma estrutura modesta, típica do futebol brasileiro em transição do amadorismo para o profissionalismo. Abaixo, um panorama detalhado sobre o clube e o estádio entre as décadas de 1920, 1930 e início de 1940.
1. Estrutura do clube nas primeiras décadas
1.1 Fundação e contexto
Fundado em 1924 a partir da fusão do Internacional e do América de Curitiba, o Athletico herdou tradição futebolística e o campo da Baixada (existente desde 1914). Naquele período o clube era essencialmente um clube de futebol e convivência social, com administração enxuta e baseada no trabalho voluntário de dirigentes e associados.
1.2 Modelo de gestão e cargos
A organização seguia o modelo típico de clubes esportivos da época, com funções majoritariamente não remuneradas:
- Presidência: ocupada por figuras influentes da cidade.
- Diretoria: vice-presidentes, tesoureiro, secretário e diretores de futebol e esportes.
- Conselho Deliberativo: sócios antigos que opinavam em decisões estratégicas.
- Comissões: responsáveis por campeonatos internos, bailes, rifas e eventos de arrecadação.
O clube dependia de mensalidades, doações e eventos sociais para se manter.
1.3 Profissionalização inexistente ou incipiente
- Jogadores predominantemente amadores, conciliando futebol com outras profissões.
- Ausência de um departamento de futebol profissional nos moldes atuais.
- Funções técnicas muitas vezes acumuladas por ex-jogadores e dirigentes.
1.4 Sede social e vida associativa
Apesar do foco no futebol, o clube mantinha uma vocação social: festas, bailes, reuniões e salas simples para diretoria e conselhos — um ponto de encontro da elite e da classe média curitibana que gravitou em torno do clube.
2. Estrutura do estádio Joaquim Américo (Baixada)
2.1 Origem do estádio
Inaugurado em 1914 pelo Internacional, o campo da Baixada passou a ser usado e desenvolvido pelo Athletico após a fusão de 1924. Era um dos campos mais tradicionais de Curitiba, porém com infraestrutura simples.
2.2 Arquibancadas e capacidade
- Arquibancadas de madeira, com partes do público em pé.
- Grande parte dos setores sem cobertura; apenas área reduzida para autoridades era coberta.
- Capacidade limitada: alguns milhares de torcedores, bem abaixo de estádios modernos.
- Torcedores muitas vezes assistiam encostados em cercas ou em elevações de terra.
2.3 Campo e infraestrutura esportiva
- Gramado com manutenção rudimentar, sem drenagem ou tecnologias atuais.
- Vestiários pequenos e funcionais, com instalações básicas.
- Almoxarifado e depósitos simples para equipamentos.
- Cercamento do campo por alambrados ou cercas, controle de acesso às áreas internas.
2.4 Acesso, entorno e comodidades
O entorno da Baixada não tinha a urbanização atual; o acesso ao estádio era feito sobretudo a pé, de carroça e, depois, por bonde e ônibus.
- Ausência de grandes estacionamentos e infraestrutura para automóveis.
- Comércio informal e vendedores ambulantes nos dias de jogo.
- Banheiros e lanchonetes, se existentes, em condições bastante modestas.
2.5 Iluminação e jogos noturnos
As partidas eram majoritariamente diurnas; a iluminação artificial capaz de suportar jogos noturnos só começou a aparecer de forma mais consistente já em fases posteriores do século XX.
3. Relação entre clube e estádio nesse período
A Baixada era o centro da vida atleticana: local de treinos e jogos oficiais, palco de eventos sociais e ponto de encontro da torcida nascente. Mesmo com infraestrutura simples, o estádio já traduzia sentimento de pertença e identidade rubro-negra.
- Casa do time principal e espaço de treinamentos.
- Dependências usadas para eventos sociais ligados ao clube.
- Ponto de formação da cultura e da identidade da torcida.
4. Síntese da estrutura nas primeiras décadas
| Aspecto | Características nas primeiras décadas |
|---|---|
| Gestão do clube | Dirigentes voluntários, modelo associativo, presidência e diretoria formadas por sócios influentes. |
| Perfil do futebol | Predominantemente amador, jogadores com outras profissões, sem grande estrutura profissional. |
| Sede social | Espaços simples para reuniões, festas, bailes e encontros de sócios. |
| Arquibancadas | Principalmente de madeira, muitas áreas descobertas, parte do público em pé. |
| Capacidade do estádio | Alguns milhares de torcedores, bem abaixo dos patamares atuais. |
| Infraestrutura interna | Vestiários pequenos, gramado simples, poucos depósitos e estruturas de apoio. |
| Acessos e entorno | Acesso a pé ou por transporte coletivo limitado, comércio simples ao redor. |
| Iluminação | Jogos majoritariamente diurnos; iluminação noturna consistente surgiria apenas depois. |
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