Como a torcida do Athletico Paranaense surgiu e cresceu nos primeiros anos do clube?

A história da torcida do Athletico Paranaense começa antes de 26 de março de 1924. O novo clube herdou jogadores, campos e estrutura — mas sobretudo os torcedores de América e Internacional, que se uniram para formar a base da massa rubro-negra em Curitiba e no Paraná.

1. A fusão que também uniu torcedores (1924)

O Club Athletico Paranaense nasce da fusão do Internacional Foot-Ball Club (1912) e do América Foot-Ball Club (1914). Em assembleia de 26 de março de 1924 formaliza-se a união, adotando o vermelho do América e o preto do Internacional — nascendo, assim, a cor rubro-negra.

“os sócios de ambos os clubs constituirão os membros efetivos da nova sociedade”

Ou seja: a base de sócios e simpatizantes dos dois times passou automaticamente a compor a torcida do Athletico, facilitando a formação imediata de um público identificado com o novo clube.

2. A Baixada como berço da torcida rubro-negra

Poucos dias após a fundação, em 6 de abril de 1924, o Athletico realizou um amistoso contra o Universal FC para apresentar o novo time à torcida. O jogo, disputado na Baixada, terminou 4 a 2 — com o primeiro gol marcado por Marreco — e teve cobertura que destacou a festa das arquibancadas.

Desde então, o estádio Joaquim Américo (a Baixada) tornou?se o ponto de encontro simbólico da torcida, onde antigos torcedores de América e Internacional passaram a conviver como atleticanos, consolidando uma nova identidade coletiva.

3. O papel dos primeiros títulos no crescimento da torcida (1925–1930)

As conquistas iniciais foram decisivas para a expansão da torcida. Em 1925 o clube conquistou o primeiro Campeonato Paranaense e, no final da década, alcançou o bicampeonato (1929–1930). Decisões com a Baixada cheia mostraram que, em pouco tempo, o Athletico já atraía grandes multidões.

O ciclo virtuoso gerado pelas vitórias:

1. O time vence e conquista títulos;
2. mais público e curiosos passam a frequentar a Baixada;
3. a presença da torcida fortalece o mando de campo;
4. o clube se firma como símbolo de orgulho local e regional.

4. Perfil social da torcida e o símbolo do “Cartolinha”

Nos anos 1920–30, o futebol em Curitiba era associado às camadas mais abastadas. Cronistas registram torcedores em trajes formais — fraques, polainas e cartolas. Esse perfil inspirou o primeiro mascote do clube, o Cartolinha, que representava a presença da elite curitibana nas arquibancadas.

Com o tempo o clube se popularizou: operários, comerciantes e servidores públicos passaram a frequentar o estádio ao lado dos antigos “cartolas”, tornando a torcida mais heterogênea e popular.

5. Canto, hino e identidade: a voz da torcida nos anos 1930

Após o bicampeonato de 1930, o ponta?esquerda Zinder Lins compôs versos em ritmo de tango que passaram a ser entoados por jogadores e torcedores. Esses versos deram origem ao que viria a ser o hino oficial do clube.

“Athletico! Athletico! Conhecemos teu valor…”

O canto coletivo consolidou uma identidade nas arquibancadas e transformou-se em um símbolo permanente da relação entre clube e torcida.

6. A torcida começa a aparecer para o Brasil (1930)

Campeão estadual invicto, o Athletico passou a organizar amistosos contra grandes clubes de outros estados. Em 21 de julho de 1930 recebeu o Corinthians na Baixada — jogo que teve casa cheia e ajudou a projetar nacionalmente a imagem de um clube competitivo com torcida vibrante.

7. Do Cartolinha ao Furacão: a consolidação da massa rubro-negra

Embora o apelido “Furacão” só tenha se tornado comum a partir de 1949, suas bases foram plantadas nas décadas iniciais: um time competitivo, títulos, um estádio pulsante e torcida participativa.

As três fases iniciais da torcida:

• Década de 1920 — torcida herdada e de elite (Cartolinha).
• 1925–1930 — expansão rápida com as conquistas estaduais.
• 1930–1940 — processo de popularização e consolidação de cânticos e identidade.

8. Linha do tempo: marcos do surgimento e crescimento da torcida